
❌ Cobrança da Cota Patronal Durante a LIP é Ilegal em Qualquer Esfera do Serviço Público
Introdução
Você tirou Licença para Tratar de Interesse Particular (LIP) e o seu órgão público exigiu o pagamento da cota patronal da contribuição previdenciária? Essa cobrança não tem base constitucional e viola os princípios do sistema de previdência brasileiro. Mesmo que você atue no serviço municipal, estadual ou federal, os tribunais já firmaram o entendimento de que essa exigência é inconstitucional.
Neste artigo, explicamos por que essa cobrança é irregular, como ela afeta o servidor e o que você pode fazer para resgatar os valores pagos ou impedir novas cobranças.
O Que é a Cota Patronal e Por Que Ela Não Pode Ser Repasada ao Servidor?
A cota patronal representa a parte da contribuição previdenciária que cabe ao empregador — no caso do servidor público, ao próprio órgão público onde ele trabalha.
Durante a LIP, muitos entes federativos obrigam o servidor a assumir tanto sua própria contribuição quanto a parte patronal, com o argumento de que, por estar sem remuneração, o vínculo só se mantém se ele arcar integralmente com as contribuições.
Esse raciocínio desrespeita o princípio da solidariedade previdenciária, garantido pelo art. 40 da Constituição Federal. O modelo constitucional exige que servidor e Estado contribuam de forma solidária para a manutenção do regime de previdência. Quando o órgão transfere ao servidor a obrigação de pagar a parte patronal, quebra esse equilíbrio e impõe um custo indevido.
O Que Dizem os Tribunais Sobre Essa Prática?
O Poder Judiciário tem rejeitado a cobrança da cota patronal durante a LIP de forma recorrente. Tanto tribunais estaduais quanto federais reconhecem que o servidor não deve suportar sozinho o financiamento do sistema, ainda que esteja afastado sem remuneração.
📌 O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já confirmou que o ente público não pode transferir sua responsabilidade previdenciária. Mesmo durante uma licença não remunerada, a obrigação de arcar com a cota patronal continua sendo do Estado, do município ou da União.
As decisões judiciais deixam claro que, mesmo com leis estaduais ou municipais prevendo a cobrança, essas normas não se sobrepõem à Constituição. Portanto, o servidor pode contestar judicialmente e pedir a devolução de valores pagos indevidamente.
O Que o Servidor Deve Fazer?
Se o seu órgão exigiu o pagamento da cota patronal durante a LIP, você pode tomar providências para:
🔹 Interromper a cobrança;
🔹 Evitar o acúmulo de dívidas previdenciárias;
🔹 Recuperar os valores já pagos;
🔹 Restabelecer o cômputo do tempo para aposentadoria, se ele foi suspenso por inadimplência.
Para isso, é necessário ingressar com uma ação judicial, que deve ser elaborada por um advogado especializado em direito dos servidores públicos e previdenciário. A experiência técnica do advogado será essencial para apresentar os argumentos jurídicos corretos e reunir a documentação necessária para demonstrar a ilegalidade da cobrança.
Essa Realidade Atinge Servidores em Todo o País
Essa prática indevida não ocorre apenas em um estado ou município específico. Diversos entes da federação ainda mantêm regulamentos que obrigam o servidor em LIP a arcar com a cota patronal, sob pena de interromper a contagem do tempo de serviço ou gerar restrições administrativas.
No entanto, os tribunais não têm feito distinção com base na esfera federativa. O entendimento jurídico atual protege servidores de todas as instâncias — municipais, estaduais e federais — contra essa cobrança. Portanto, você pode se beneficiar dos precedentes judiciais mesmo que sua legislação local preveja a cobrança.
Conclusão
A cobrança da cota patronal durante a LIP impõe um custo que não pertence ao servidor público. A prática contraria o princípio da solidariedade previdenciária e foi amplamente rechaçada pelos tribunais brasileiros.
Se você passou ou está passando por essa situação, não aceite esse encargo como se fosse obrigatório. A Justiça reconhece seu direito, e você pode acionar o Judiciário para proteger seu vínculo previdenciário e seu patrimônio.
👉 Não espere a cobrança virar dívida. Procure orientação jurídica especializada e defenda seus direitos.