
⚖️ Desvio de Função x Acúmulo de Funções: Qual a Diferença e Qual Dá Direito à Indenização?
Introdução
Você ocupa um cargo no serviço público, mas executa tarefas que não fazem parte da sua função oficial? Ou acumula duas funções distintas ao mesmo tempo, sem receber por isso? Então você precisa entender a diferença entre desvio de função e acúmulo de funções — dois problemas que afetam milhares de servidores públicos e que podem gerar direito à indenização salarial.
Neste artigo, vamos mostrar como identificar cada situação, quais os efeitos jurídicos e como cobrar judicialmente as diferenças salariais.
O Que É Desvio de Função?
No desvio de função, o servidor é nomeado para um cargo, mas executa as tarefas de outro, geralmente com maior complexidade, responsabilidade ou exigência técnica.
📌 Exemplo prático: um servidor que entra como auxiliar administrativo, mas acaba atuando como analista, elaborando pareceres técnicos, chefiando setor ou tomando decisões estratégicas.
Esse desvio não altera o cargo de origem nem gera promoção automática, mas dá ao servidor o direito de receber a diferença salarial pelo período em que exerceu funções alheias ao seu cargo.
🧾 A Súmula 378 do STJ confirma esse entendimento: “Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais decorrentes.”
O Que É Acúmulo de Funções?
O acúmulo de funções ocorre quando o servidor mantém sua função original e, ao mesmo tempo, exerce outra função distinta, acumulando responsabilidades sem ser formalmente designado ou sem receber gratificação.
📌 Exemplo prático: um técnico de informática que, além de suas atribuições, atua como chefe de setor, gerencia equipe e responde diretamente à direção da unidade.
Nesse caso, o servidor não mudou de função, mas passou a desempenhar funções adicionais. Quando a Administração não paga gratificação ou adicional por essa sobrecarga, ela fere o princípio da contraprestação justa e gera enriquecimento sem causa.
🔎 O Judiciário reconhece que o acúmulo indevido também gera direito ao pagamento da diferença salarial — com base no que o servidor efetivamente desempenhou.
Qual Situação Dá Direito à Indenização?
Ambas as situações — desvio de função e acúmulo de funções — geram direito à indenização. O que muda é a natureza do acréscimo:
- No desvio de função, o servidor exerce funções de outro cargo: tem direito à diferença entre os vencimentos dos dois cargos.
- No acúmulo de funções, o servidor acrescenta atividades de outro setor ou função à sua carga de trabalho: tem direito a gratificação ou adicional compatível com a complexidade do acúmulo.
📁 Em ambos os casos, o servidor pode cobrar os valores retroativos de até cinco anos anteriores ao ajuizamento da ação, com correção e juros.
Como Comprovar o Desvio ou Acúmulo?
Para ter sucesso em uma ação judicial, o servidor precisa comprovar o exercício das funções diferentes ou adicionais. Isso pode ser feito com:
✔️ Relatórios de atividades;
✔️ Ordens de serviço ou memorandos;
✔️ E-mails e mensagens institucionais;
✔️ Testemunhos de colegas e superiores;
✔️ Comparação entre as atribuições do cargo e as atividades exercidas.
A jurisprudência não exige designação formal. O que importa é a prova de que o servidor realizou as tarefas de fato.
Conclusão
Tanto o desvio de função quanto o acúmulo de funções violam o direito do servidor à justa remuneração. Quando o órgão exige mais do que o cargo estabelece, sem pagar a diferença devida, o servidor pode — e deve — buscar a indenização correspondente na Justiça.
👉 Se você se identificou com uma dessas situações, reúna os documentos, consulte um advogado especializado e exija seus direitos.