Por Que Servidores Devem Agir Rápido para Garantir Adicionais Não Pagos?
Introdução
Servidores públicos que têm valores devidos precisam agir com rapidez ao buscar seus direitos na Justiça. Muitos servidores aguardam para acumular valores antes de entrar com a ação judicial, sem perceber que essa espera pode causar uma perda significativa de tempo.
Isso ocorre porque, se o valor a ser recebido ultrapassar o teto do Requisitório de Pequeno Valor (RPV), o pagamento será feito por precatório, um processo mais burocrático e que pode demorar anos. Assim, valores acima desses limites podem prejudicar o servidor, que precisará esperar ainda mais para receber.
Entenda a Diferença: RPV e Precatório
Ao entrar com uma ação judicial, o servidor deve entender as diferentes modalidades de pagamento determinadas pelo valor da causa. Os RPVs, ou Requisições de Pequeno Valor, são destinados ao pagamento de quantias menores, cujo limite máximo é definido pelos estados. No caso de São Paulo, por exemplo, o teto é de R$ 15.565,99, enquanto em Minas Gerais, o teto é de R$ 22.530,13. Valores que ultrapassam esses limites seguem para precatório, um processo que, diferentemente do RPV, envolve uma espera longa e indeterminada para o servidor.
Os precatórios, em razão de sua natureza burocrática, geralmente sofrem atrasos e podem levar anos para serem pagos, dependendo da disponibilidade orçamentária do Estado e da fila de pagamentos. Para o servidor, isso significa um risco de esperar anos até a liberação do valor devido, gerando insegurança e possíveis perdas financeiras devido à demora no pagamento.
Exemplo de Adicionais: Adicional Noturno e Classe Superior
Os servidores que atuam em condições específicas, como o trabalho noturno ou em delegacias de classe superior, possuem direito a adicionais em sua remuneração. O adicional noturno, por exemplo, é previsto para servidores que trabalham em horários diferenciados e é garantido pela Constituição e por regulamentações estaduais. Da mesma forma, o adicional por trabalho em classe superior beneficia servidores que atuam em delegacias ou unidades com classificação superior, compensando-os pelo aumento de responsabilidades.
Entretanto, quando o Estado não realiza o pagamento desses adicionais, o servidor tem a opção de reivindicar seus direitos judicialmente. Adiar a decisão de entrar com a ação, esperando que o montante devido aumente, pode fazer com que o valor total ultrapasse o teto do RPV. Nesse cenário, a quantia acumulada passará automaticamente ao regime de precatório, trazendo uma longa espera pelo recebimento do direito já reconhecido.
Por Que Agir com Rapidez é a Melhor Opção?
O servidor que age rapidamente ao buscar judicialmente adicionais não pagos evita que o montante acumulado ultrapasse o limite do RPV. Essa agilidade permite que o pagamento seja feito de forma mais rápida e direta, dispensando o regime de precatório. Quanto mais tempo o servidor aguarda para entrar com a ação, maior a chance de os valores acumularem e ultrapassarem o teto do RPV, levando o pagamento para o regime de precatório e, portanto, para uma espera longa e incerta.
De acordo com decisões recentes do Tribunal de Justiça de São Paulo e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a Justiça tem mantido o entendimento de que o servidor tem o direito de buscar judicialmente o pagamento de adicionais em atraso, inclusive com pagamento retroativo, quando comprovado o não pagamento regular dos valores. Esse direito assegura ao servidor o direito à compensação financeira devida e respeita o princípio da justa remuneração pelo trabalho efetivamente realizado.
A rapidez em iniciar o processo também protege o servidor de eventuais mudanças na legislação ou em entendimentos jurídicos, que podem tornar o processo mais difícil no futuro. Ao agir de imediato, o servidor garante que os direitos atuais sejam respeitados e minimiza o risco de mudanças no cenário judicial ou orçamentário do Estado.
Exemplo Prático: O Risco da Demora
Imagine um servidor público de São Paulo que trabalha em uma unidade de classe superior e tem direito ao adicional por esse exercício. Ao longo de três anos, o Estado não realizou o pagamento desse adicional, gerando um valor retroativo que ultrapassa R$ 20.000,00. Se o servidor aguarda mais tempo antes de entrar com a ação, o montante provavelmente superará o teto do RPV de São Paulo (R$ 15.565,99). Nesse caso, ele precisará esperar pelo pagamento via precatório, enfrentando uma longa espera devido ao atraso que esse processo geralmente envolve.
Para servidores em Minas Gerais, o teto de RPV é maior, de R$ 22.530,13. Contudo, a recomendação permanece a mesma. Se o montante devido ultrapassar esse valor, ele será pago por precatório, resultando na mesma demora e insegurança.
Benefícios de Ação Judicial Imediata
Agir prontamente para garantir os adicionais não pagos oferece diversas vantagens:
- Rapidez no Pagamento: Ao manter o valor da ação abaixo do teto do RPV, o servidor recebe o valor de forma mais ágil e evita a longa fila de precatórios.
- Proteção Contra Mudanças: O cenário jurídico e orçamentário pode mudar ao longo do tempo. A ação imediata garante que os direitos do servidor sejam respeitados de acordo com as condições atuais.
- Garantia de Direitos: A Justiça reconhece o direito de o servidor receber pelo trabalho realizado. Ao agir cedo, o servidor demonstra seu compromisso com o recebimento de uma justa compensação.
- Segurança Financeira: A agilidade permite que o servidor planeje suas finanças com maior segurança, pois não enfrentará o atraso característico do regime de precatórios.
Conclusão
Os servidores públicos de São Paulo e Minas Gerais devem considerar a rapidez como uma aliada ao buscar o pagamento de adicionais não pagos, como o adicional noturno e o adicional por trabalho em classe superior. A ação imediata evita que o valor ultrapasse o teto do RPV, permitindo que o pagamento ocorra de forma mais direta e sem os longos prazos do regime de precatórios. O Tribunal de Justiça e o Superior Tribunal de Justiça reforçam o direito do servidor à justa remuneração, garantindo que ele possa exigir o que é seu de forma legítima e célere.
Se você é um servidor público com valores devidos pelo Estado, busque orientação jurídica o quanto antes para garantir seus direitos sem a longa espera do precatório. A agilidade no processo assegura uma resolução mais rápida e protege seu direito a receber o valor justo pelo trabalho desempenhado.